Conheci Lúcia Santóri-Carneiro no lançamento do meu livro, Outros eus (já conhecia alguns de seus versos através da minha
amiga Lidi). E o olho do gato que fora transformado em versos por nós duas
permitiu-me ganhar um exemplar d’As
voltas do tempo que a autora gentilmente presenteou-me. Eis aqui algumas
palavras sobre a obra que tanto me encantou:
As
voltas do tempo é uma incursão pelo universo lírico da
infância, do cotidiano e da memória. Lúcia Santóri-Carneiro extrai desses
universos a mais pura poesia. Seus versos carregam a dor e o peso da vida que
escorre com tal leveza que nossa dor se torna mais suave, quase como uma bola
de sabão. O livro é dividido em duas partes: para brincar não precisa muito e
mar de dentro. Na primeira, o universo da infância é um convite para o leitor brincar
com a memória, enquanto a poeta brinca com as palavras. O mundo da brincadeira
é o mundo da criação. E para brincar não
precisa muito, basta uma criança/ duas crianças, três crianças... Para
criar basta observar, lembrar, vivenciar, brincar. E as imagens ofuscam nossos
sentidos com tanta beleza: O olho azul do
gato/ mar que anda pela casa.
Na segunda parte, tamanha
é a intimidade da poeta com o mar que
ele invade nossos olhos e ouvidos e transborda em nosso peito. A leveza ganha o
tom da “tarde que cai”. E a percepção do sujeito lírico proporciona ao leitor
um olhar mais atento para o outro e para si.
Aqui a infância e a memória continuam presentes revelando-nos que nas
voltas do tempo nada se perdeu./ Não há tempo. Ontem, hoje, amanhã./ Há somente
o sempre./ Eu, você, atravessando capítulos, contínuos capítulos.
Saí do livro com a
sensação de ter feito um passeio em torno de mim.